MUSEU DA DANÇA

Ruth Rachou: mestra da dança moderna

Imagem: Espetáculo Isadora, Ventos & Vagas. Na foto: Ruth Rachou e elenco (da dir. para a esq.).Local: Teatro Cultura Artística - São Paulo - SP - Brasil. 1978. Fotógrafo: Não identificado. (Acervo doado por Ruth Rachou). | Quarta, 01 de Agosto de 2018 | por Natália Gresenberg |


“A dança para mim é a vida. É um processo de amadurecimento, de crescer dentro de você e em relação às pessoas. É um aprendizado eterno. Para mim, a dança é a vida também. Talvez não tão religiosa como a Martha Graham menciona, mas é um ato de vida, um processo de vida muito bom e muito importante” (Ruth Rachou).


Figura importante na cena paulistana e no Brasil, Ruth iniciou-se no ballet aos 4 anos, por imposição da mãe. Decidiu seguir com os estudos na adolescência, tendo como mestra Maria Olenewa (1896-1965) e Liesel Klostermann.

Sua primeira grande conquista foi integrar o corpo de baile do Ballet do IV Centenário, companhia fundada em 1954 como parte das comemorações ao aniversário de 400 anos da cidade de São Paulo e que contribuiu para a difusão do pensamento moderno na dança clássica que se dava no Brasil.

Após a dissolução do Ballet IV Centenário em 1955, como muitos de seus colegas, Ruth Rachou encontrou novas possibilidades de trabalho na televisão: trabalhou na TV Tupi e de 1960 a 1967 na TV Record como coreógrafa e diretora do núcleo de dança.

Ruth ouviu falar de Martha Graham e foi a Nova York em 1967 para estudar sua técnica, aprofundando-se também nos conhecimentos de outros modernos, como Doris Humphrey, José Limón e Merce Cunningham – conhecimentos esses que vieram ao encontro de seus anseios pessoais, dos quais a dança clássica e tradicional já não dava conta.

Em 1972, decidida a divulgar a técnica moderna de Graham, Ruth abriu sua escola no Brasil, tendo dançado e coreografado diversos espetáculos, além de ter influenciado diretamente na formação de diversos artistas, como Célia Gouvêa, Mariana Muniz, J.C. Violla, Andréia Yonashiro, Daniela Stasi, Juliana Rinaldi, Armando Aurich, Amanda Acosta, Mara Borba, Francisco Medeiros, dentre tantos outros.

Figura atuante na formação de tantas gerações, Ruth também nos anos 1980, atuou como presidente da Comissão de Dança da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Cultura de São Paulo e assessora de Klauss Vianna na direção do Balé da Cidade de São Paulo. Ingressou também como professora da técnica de Graham na Escola Municipal de Bailado (atual Escola de Dança de São Paulo), onde permaneceu por quinze anos.

Na década de 1990, Ruth Rachou estudou em Nova York a técnica de Joseph Pilates (1880-1967), e já em 1994 reforçou a presença da técnica Pilates em sua escola, enquanto preparação corporal aperfeiçoa o desempenho do corpo e reequilibra a musculatura de todas as pessoas, não só de bailarinos. Criou também sua companhia, o Grupo de Dança Ruth Rachou, no qual atuou como diretora e coreógrafa.

Os anos 2000 marcaram o retorno da artista a importantes palcos do estado de São Paulo. Em 2008, dançou em “Ruth Rachou 80 Anos”, espetáculo criado coletivamente com vários artistas em sua homenagem.

Foi contemplada com o Prêmio Governador do Estado em 2015, pelo voto do júri e pelo voto popular, graças à sua imensa contribuição para a dança paulista nos mais de 60 anos de carreira.

Infelizmente, no final de 2015, a classe da dança recebeu abruptamente a notícia de que o Estúdio Ruth Rachou, após quase 43 anos de atividades, encerrou suas atividades, deixando órfã uma geração de novos bailarinos.

Em 2017, em comemoração aos 90 anos desta grande mestra, o Museu da Dança desenvolveu uma série de ações para revisitar e compartilhar com o grande público sua história, contribuindo com a difusão e a preservação da técnica e da memória da artista de importância inegável para a dança brasileira.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALAMADA, Izaías; FIGUEIREDO, Bernadette. Ruth Rachou – Biografia. São Paulo: Ed. Caros Amigos, 2008.


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Para conhecer em detalhes a história dessa mestra, acesse a exposição virtual do Museu da Dança: “Ruth Rachou: Dança Afetos Resistência”.


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Natália Gresenberg

Gestora cultural e advogada



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