MUSEU DA DANÇA

Mercedes Baptista e a dança afro-brasileira

Quarta, 06 de Junho de 2018 | por Portal MUD |

A dança afro-brasileira tal como se conhece hoje foi criada e sistematizada na década de 1950 pela bailarina carioca Mercedes Baptista, a primeira negra a compor o corpo de baile e se apresentar no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Ela concebeu a dança afro-brasileira como uma dança cênica, resultante da fusão da dança moderna norte-americana com  danças de matriz africana presentes no Brasil.

Em 1949, Mercedes participou de uma audição e ganhou uma bolsa para estudar dança moderna nos EUA com Katherine Dunhan, importante bailarina, coreógrafa, antropóloga e ativista do movimento negro. Ela veio ao Brasil por ocasião da Conferência Nacional do Negro, numa época em que o movimento ganhava força no Rio de Janeiro e no Brasil todo. Um dos principais legados de Katherine Dunhan foi adicionar elementos da dança afro-caribenha à dança moderna norte-americana – processo que culminou na criação da Técnica Dunhan, presente até hoje em diversas escolas e companhias de dança dos EUA, como a Alvin Ailey.

Mercedes Baptista morou um ano e meio em Nova York. De volta ao Brasil, com uma enorme bagagem cultural e artística, convocou a ajuda de antropólogos, dançarinos e autoridades religiosas para pesquisar a dança dos rituais afro-brasileiros e fez a fusão desta com a dança moderna norte-americana.

Desde seu retorno ao Brasil, em 1952, até o início dos anos 1980, Mercedes Baptista foi muito ativa: dirigiu sua companhia de dança, envolveu-se com o carnaval carioca, apresentou-se na Europa, ministrou cursos e disciplinas (Dança Afro-Brasileira, na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro; Dança Moderna, no Museu de Arte Moderna; Dança Étnica Brasileira, em Nova York), coreografou para o cinema e para a televisão. Nesta, seu último trabalho foi a coreografia da novela Xica da Silva, da TV Manchete, em 1996. Nos anos seguintes, recebeu diversas homenagens.

Mercedes Baptista faleceu em 18 de agosto de 2014, aos 93 anos, deixando esse importante legado para a dança brasileira.

São inúmeras as danças brasileiras com raízes africanas: diversos tipos de samba (samba de roda, samba de caboclo, samba de bumbo), maracatu, moçambique, jongo, a dança-luta do maculelê, o batuque de umbigada, o tambor de crioula etc.


Fontes:

Livro “Mercedes Baptista, A Criação da Identidade Negra na Dança”, de Paulo Melgaço. Disponível em: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/conteudos-digitais/conteudo/baixar/id/167

Artigo “Dança Afro: Uma Dança Moderna Brasileira”, de Marianna Monteiro. Disponível em: http://www.cachuera.org.br/cachuerav02/images/stories/arquivos_pdf/artigomarianna.pdf



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